O
assunto já encheu a nossa paciência, mas se ainda existe resignação,
penso que no livro "Lições da Copa" o mais significativo fica no
capítulo Saber Perder. Os argentinos não souberam. "Nos robaron la
ilusión", reclamaram eles. Os alemães souberam ganhar. Antes e depois. O
que não veio de graça. Este povo precisou encurvar-se de forma dolorosa
após a queda do nazismo - tudo por conta da soberba. Qualquer
arrogância - no esporte, na tradição cultural, na etnia, na religião,
na carreira profissional, no status social, no nível econômico - carrega
um domínio pernicioso quando sempre na vida há vencedores e perdedores.
Para nós brasileiros foi menos traumático perder por 7x1 de uma
Alemanha que não tirou nossa dignidade.
O
apóstolo Paulo pensou em algo parecido quando escreveu: "Mas dou graças
a Deus porque, unidos com Cristo, somos sempre conduzidos por Deus como
prisioneiros no desfile de vitória de Cristo. Como um perfume que se
espalha por todos os lugares, somos usados por Deus..." (2 Coríntios
2.14). Ele busca uma imagem estarrecedora para falar de outra coisa.
Quando o cruel exército romano entrava triunfalmente na capital
arrastando por correntes e chicotadas os prisioneiros de guerra, neste
caminho de vitória e humilhação haviam piras de incenso que exalavam um
perfume que invadia toda a cidade. Paulo diz que é muito melhor ser
prisioneiro de Cristo, e que a vida do cristão é um perfume que espalha
vida. Ser prisioneiro de Cristo não deixa de ser um processo doloroso,
exige a desistência de qualquer virtude, vaidade, ostentação, valentia. É
preciso render-se, humilhar-se, desistir da auto suficiência e vitória
pessoal. Atitudes estúpidas à natureza humana, mas necessárias para
Cristo reinar em seu amor e, desta forma irracional, conduzir alguém à
verdadeira vitória. Ao falar desta conquista, Paulo diz que "somos como
potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus
e não a nós" (4.7).
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