
Este escrito de 1523 deveria ficar na agenda de qualquer político, sobretudo se é cristão. Para não esquecer que, se igreja e estado constituem as mãos divinas, os dedos são humanos, fracos, tortos, sempre prontos para manusear o poder em benefício próprio. Por isso, o que Lutero testemunha sobre os desmandos do seu tempo é bem moderno: “Não conhecem nem fidelidade nem verdade, e portam-se de uma maneira que até ladrões e bandidos considerariam excessiva. Seu regime secular é tão decadente como o dos tiranos eclesiásticos”. Uma triste realidade que o apóstolo Paulo também viu, e por isto alertou os cristãos do império romano: “Vivam de acordo com o evangelho de Cristo” (Filipenses 1.27). “Vivam” é “politeuste” no grego, palavra que aponta para a cidadania responsável.
No pensamento de Lutero, política é o esforço constante e paciente para estabelecer e manter uma ordem social compatível com os valores do cristianismo. Valores prescritos nos Dez Mandamentos, na ética, na moralidade. Reconheceu que a última finalidade do governo é proteger a humanidade do caos. Enquanto o instrumento da igreja é o Evangelho, que transforma corações pelo poder do Espírito Santo, o estado tem nos dedos o poder da lei para a paz social – nos dedos porque as mãos são de Deus.
Marcos Schmidt
pastor luterano
fone 8162-1824
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS
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